Ação policial impede sequestro de gerente
Três suspeitos de roubos a bancos e joalherias foram presos em Esteio
Enquanto faziam os preparativos finais para sequestrar um gerente de joalheria, três criminosos foram cercados e presos por agentes da Delegacia de Roubos, vinculada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A prisão aconteceu na noite de segunda-feira, em Esteio, na Região Metropolitana.
Nos últimos dois meses, a Polícia Civil conseguiu evitar três sequestros planejados pelo grupo. Outros cinco integrantes da quadrilha estão soltos e são procurados pelas autoridades.
A polícia divulgou as prisões na manhã de ontem. Os suspeitos, que atuavam em sequestros de gerentes de bancos e joalherias, não reagiram. Foram presos em flagrante Mario da Silva, 35 anos, Maicon da Silva Braz, 23 anos, e Elisandra Pires de Lima, 32 anos. Com eles, a polícia apreendeu uma pistola, um carro furtado, munição e dois artefatos explosivos (uma espécie de granada caseira). Dos cinco foragidos, dois são apontados como líderes.
Conforme a investigação da polícia, em dois anos o bando praticou uma dezena de roubos a bancos e joalheiras na Região Metropolitana, com ação semelhante à do ataque à joalheira Coliseu, no Praia de Belas Shopping, em janeiro – quando a subgerente do estabelecimento foi rendida em casa pelo bandidos. Depois do assalto, os criminosos deixaram na loja um artefato explosivo que forçou a evacuação do shopping.
Pessoas com antecedentes eram recrutadas pelo bando
O envolvimento do bando no ataque à Coliseu não foi confirmado pelo delegado Joel Wagner, titular da Delegacia de Roubos. Ele afirmou que a polícia agiu na segunda-feira porque não existia outra maneira de impedir o sequestro. Nas duas oportunidades anteriores, os sequestros foram evitados retirando do local os alvos dos bandidos, os gerentes.
– Na segunda-feira, não tivemos tempo de preparar uma ação evasiva para evitar o sequestro. Daí precisamos agir – justifica o delegado.
O bando vinha sendo monitorado pela polícia havia mais de um ano. Tudo começou quando o delegado Marco Guns, da Delegacia de Homicídios de Canoas, na Região Metropolitana, investigava uma quadrilha envolvida com drogas e homicídios. Em meio à investigação, acabou identificando o bando preso.
Guns explicou que a origem da quadrilha é o bairro Mathias Velho, em Canoas. Sem entrar em detalhes, o delegado relata que os bandidos começaram a operar com crimes pequenos e foram se especializando. Hoje, praticam extorsão e sequestro de gerentes de bancos de joalherias.
Uma particularidade chamou a atenção dos policiais: o bando usa pessoas sem passagem pela polícia para realizar os levantamentos dos locais a serem assaltados e o cotidiano das famílias a serem sequestradas. A estratégia tem o objetivo de não levantar suspeita, caso um deles seja detido em uma operação policial de rotina, como barreiras da Brigada Militar (BM).
No momento da prisão, o trio ocupava um apartamento em Esteio. O delegado Wagner acredita que o local também era utilizado como cativeiro.
– O apartamento fica em uma vizinhança que não levanta suspeitas – informou o delegado.
CARLOS WAGNER
Quadrilha praticava tortura psicológica contra vítimas
A crueldade usada pelo bando contra as vítimas sequestradas surpreendeu os policiais. A investigação revelou que os gerentes de bancos e donos de joalherias eram levados na companhia de parentes, quase sempre ao final do expediente.
– Eles praticavam tortura psicológica contra as vítimas – descreve o delegado Joel Wagner, titular da Delegacia de Roubo.
Uma das torturas consistia em colocar um artefato explosivo – pedaço de cano de ferro que imita uma granada – próxima ao familiar do sequestrado. Ameaçavam detonar a bomba, caso a vítima não colaborasse.
A pressão também tinha o objetivo de garantir que, na hora de ir para o banco ou a joalheria, o gerente não tentaria avisar a polícia.
Nesse tipo de ação, o momento mais preocupante para o bando é a chegada ao local que será alvo do roubo, acompanhando o sequestrado. A brutalidade com os sequestrados faz parte do perfil dos bandidos nos assaltos a bancos e joalherias. Uma das explicações é a gravidade do crime, que estabelece uma pena maior, em média de 15 anos.
Os quadrilheiros também adotavam a estratégia de deixar o artefato explosivo no local do assalto. O propósito é retardar a ação dos policiais e espalhar pânico entre as vítimas.
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