Neste Blog rendemos a nossa homenagem aos Gestores e Agentes Policiais que, apesar das dificuldades internas, das leis brandas, do enfraquecimento da autoridade, dos salários baixos, do fracionamento do ciclo policial e das mazelas do Judiciário que discriminam e alijam as forças policiais do Sistema de Justiça Criminal impedindo a continuidade e a eficácia dos esforços contra o crime, dedicam suas vidas na proteção do cidadão, na preservação da ordem pública e na defesa do povo, das Instituições e do Estado, em prol da almejada PAZ SOCIAL no Brasil.

sábado, 11 de agosto de 2012

ASSALTANTE EM LIBERDADE CONDICIONAL MORRE EM CONFRONTO COM A BM


ZERO HORA 11 de agosto de 2012 | N° 17158

EXPLOSÕES EM BANCO. Suspeito de ataques é morto
Homem baleado em tiroteio que assustou Caxias teria envolvimento com recentes ações em Feliz e São Francisco de Paula

GUILHERME A.Z. PULITA 

Terminou nas margens do Tega, perto do Museu da Casa de Pedra, um dos pontos turísticos de Caxias do Sul, no bairro Santa Catarina, uma caçada que se arrastava havia 52 dias. Foi tentando escapar pelo poluído arroio que o assaltante Juliano Justino da Rosa, o Julianinho, 32 anos, fez os últimos disparos com uma pistola calibre 380 contra PMs, antes de ser alvejado, cair na água e despencar de uma cascata, já sem vida, quinta-feira à noite. Julianinho era perseguido por PMs e policiais civis da Serra desde junho passado, quando teve prisão preventiva decretada.

O criminoso, que já encabeçou a lista dos bandidos mais procurados do Estado, seria um dos chefes de um bando responsável por assaltos a banco e arrombamentos de caixas eletrônicos. Julianinho estava em liberdade condicional desde janeiro. Oficialmente, teria voltado a agir em 18 de junho. Ele foi apontado como um dos três homens que assaltaram uma fruteira no centro de Farroupilha.

Naquele dia, houve confronto a tiros com PMs e policiais civis. Julianinho fugiu depois de atirar em um PM com uma espingarda calibre 12. O policial não morreu por estar de colete à prova de balas. Dois homens foram presos e um deles, parente de Julianinho, delatou-o. A ação seria uma tentativa de o bandido conseguir dinheiro para comprar armas e fortalecer a quadrilha que ele pretendia montar.

Ex-militar seria um dos especialistas em explosivo

No dia 16 de julho, autoridades receberam a informação de que Julianinho planejava um assalto em Cambará do Sul. Segundo um documento sigiloso, o bandido e seus comparsas renderiam PMs e policiais civis da cidade. Em seguida, assaltariam uma agência do Banrisul, outra do Sicredi e uma lotérica.

Além do parceiro Elisandro Rodrigo Falcão, que fugiu do Albergue Prisional, estaria na linha de frente dessa ação um ex-sargento do Exército, que tem condenações por assalto e está em liberdade. O ex-militar seria um dos dois especialistas em explosivos do bando. O outro seria o próprio Julianinho. Os bandidos pretendiam explodir os cofres bancários e contariam com explosivos obtidos por um foragido do sistema prisional de Santa Catarina.

Troca de tiros

- Na tarde de quinta-feira, o Setor de Inteligência da Brigada Militar descobriu que Juliano Justino da Rosa, o Julianinho, 32 anos, e outros criminosos circulavam por Caxias do Sul em um Classe A e em um C4, que depois se descobriu que era clonado. Policiais militares tentaram capturar o bando no Centro, mas os ladrões escaparam.

- Por volta das 22h, PMs avistaram os dois carros e tentaram interceptá-los, no bairro Santa Catarina, perto do Museu da Casa de Pedra.

- O C4 cruzou o sinal vermelho na Perimetral Oeste e abalroou um Punto, que capotou. Julianinho abandonou o carro e tentou fugir, jogando-se no Arroio Tega. Houve troca de tiros. O assaltante morreu baleado. A confusão gerou um segundo acidente de trânsito, com mais dois veículos. O comparsa de Julianinho fugiu com o Classe A.

- O tiroteio reuniu no local dezenas de viaturas da BM e curiosos, que pararam seus carros e saíram de casa para ver o que acontecia.

Bando planejava assaltos em série

Juliano Justino da Rosa, o Julianinho, e Elisandro Rodrigo Falcão teriam participado de pelo menos três ações na Serra. A primeira delas colocou um arsenal em poder da quadrilha. Eles são suspeitos de envolvimento no arrombamento do Fórum de Bom Jesus, em 26 de julho. Segundo informações sigilosas, eles foram à sede do Judiciário para recuperar uma submetralhadora apreendida pela BM quando comparsas de Falcão foram mortos, em 2007, em Caxias do Sul. O grupo levou 148 armas do Fórum.

Cinco dias depois do furto no Fórum, o bando de Julianinho teria explodido uma agência da Caixa, em Feliz. O crime aconteceu na madrugada de 31 de julho, por volta das 2h. Na ocasião, criminosos tirotearam com PMs. Um deles foi ferido nas pernas. Já na madrugada de terça-feira passada, ladrões armados atacaram o Banco do Brasil de São Francisco de Paula. Um caixa eletrônico foi explodido e houve troca de tiros.

De acordo com um relatório reservado da Secretaria da Segurança Pública (SSP), parte das armas do Fórum seria usada em uma ação em Vacaria. Segundo uma denúncia, o bando de Julianinho arremessaria parte do arsenal levado de Bom Jesus para o interior do Presídio Estadual de Vacaria, onde o assaltante cumpriu pena. A ideia era promover uma rebelião e libertar presos. O bando acreditava que PMs e policiais civis da região seriam chamados para auxiliar no motim. Enquanto isso, parte da quadrilha assaltaria o Banco do Brasil, o Bradesco e a Caixa.

Uma noite de cinema

CIRO FABRES | EDITOR DE OPINIÃO DO PIONEIRO 

Foi seguramente um dos episódios mais cinematográficos da crônica policial recente de Caxias do Sul. Assisti-o desde o estampido do primeiro tiro. De minha sacada vislumbro o Tega, a Perimetral Oeste, os bairros da região do Reolon. E sei que naquele vasto cenário a vida passa frenética. Esse raciocínio levou-nos, eu e minha mulher, ao fim dos primeiros 10 tiros, imediatamente para a sacada. De lá avistamos, instantes depois, o cenário todo montado na rótula da Casa de Pedra. Inclusive o último dos carros envolvidos na sucessão de acidentes já havia colidido na traseira do C4 ocupado por dois assaltantes.

Fomos atrás de uma visão mais próxima, da janela do quarto. Foi quando percebi as lanternas dos policiais, que vasculhavam o mato próximo ao Tega atrás de um fugitivo. Terminava ali a pausa dos tiros. Seguiram-se então dezenas de estampidos. A essa altura, a Perimetral Oeste estava em transe.

Fomos até Perimetral e à rótula da Casa de Pedra. O cenário era de superprodução. Viaturas por todo lado, três carros destruídos, um deles de rodas para cima. Foi assim a noite de cinema no Santa Catarina, que me fez perder o último bloco de Avenida Brasil. Desta vez, a realidade superara em muito, em intensidade e ação, qualquer trama de ficção.