Neste Blog rendemos a nossa homenagem aos Gestores e Agentes Policiais que, apesar das dificuldades internas, das leis brandas, do enfraquecimento da autoridade, dos salários baixos, do fracionamento do ciclo policial e das mazelas do Judiciário que discriminam e alijam as forças policiais do Sistema de Justiça Criminal impedindo a continuidade e a eficácia dos esforços contra o crime, dedicam suas vidas na proteção do cidadão, na preservação da ordem pública e na defesa do povo, das Instituições e do Estado, em prol da almejada PAZ SOCIAL no Brasil.

segunda-feira, 11 de março de 2013

MOBILIDADE, TÉCNICA E MAIOR PODER DE FOGO

ZERO HORA 24 de fevereiro de 2013 | N° 17353

POLÍCIA. A nova BATALHA contra o crime usa um maior poder de fogo e grupo especial para reprimir os ataques no Interior



Traços de uma nova política de combate ao crime organizado vêm se delineando no Rio Grande do Sul. Diante de bandidos que se protegem com coletes à prova de balas sobrepostos, empunham armas de guerra, explodem alvos e exibem táticas de guerrilha para assaltar bancos, invadindo cidades pequenas de madrugada, a Brigada Militar tem dado uma resposta: o uso do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) na linha de combate.

Resultado desta transição de postura passiva para proativa da unidade especial da BM é o saldo de sete bandidos mortos em confronto – três no assalto à fábrica de joias em Cotiporã, em janeiro, e quatro em fevereiro no ataque ao banco de Arroio dos Ratos. Em ambas, o Gate havia sido acionado para ficar na espreita. Na primeira, não chegou a tempo e foi o policiamento de rua que trocou tiros. Na segunda, interceptou o bando.

Considerado a tropa de elite da BM, o Gate tem uma função estratégica dentro da corporação. Treinados para agir de forma rápida e certeira, os PMs têm formação intensiva de quatro meses, curso concluído por, no máximo, 30% dos candidatos.

Mas esse equilíbrio no campo de batalha só está sendo possível por uma outra mudança bastante importante: o trabalho em conjunto entre o sistema de inteligência das três instituições (Militar, Civil e Federal), que faz com que as polícias consigam chegar junto com os criminosos, e não atuar apenas na captura de foragidos.

O subcomandante-geral da Brigada Militar, coronel Silanus Mello, lembra que a polícia precisa usar o que tem de melhor para ter igualdade de enfrentamento:

– Em função do poderio de fogo dessas quadrilhas, podemos intensificar a utilização do Gate. Temos de conseguir adequar para que possam fazer frente às quadrilhas, mas sem descuidar de atuar em casos específicos, como aqueles envolvendo reféns. Até então, os delinquentes sempre tiveram superioridade em armamento. Agora, tiveram pela frente uma equipe superior a eles. Este é o diferencial.

A decisão de colocar os homens de balaclava – capuz de malha que envolve a cabeça – para conter a força do crime começou a ser trabalhada desde meados do ano passado, quando os ataques se intensificaram, aterrorizando o Interior. Desde então, reuniões periódicas entre a cúpula da Segurança vêm sendo realizadas.

A equação da ofensiva também contabiliza a retirada de circulação de 10 fuzis desde dezembro, armamento pesado, de uso restrito, e que custa em média R$ 30 mil no submundo.

– Isto é muito dinheiro e difícil de se recuperar. A quadrilha vai avaliando esta questão também e pode dar uma diminuída nas investidas – diz Ranolfo Vieira Júnior, chefe da Polícia Civil gaúcha.

Mário Luiz Vieira, diretor-regional substituto de Combate ao Crime Organizada (DRCOR) da Polícia Federal, é mais otimista.

– A população pode ficar tranquila. Não estamos vivendo uma situação grave. Estamos sendo muito eficazes. Nem bom está, está muito bom – finaliza Mário.

O sociólogo Adão Clóvis Martins dos Santos, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), diz que ações pontuais como as mortes dos bandidos fazem parte de uma estratégia legítima de combate ao crime violento, mas que essa reação sangrenta não pode ser tratada como uma política de governo.

– Sempre tivemos uma polícia violenta com relação aos delitos das camadas subalternas. A novidade é que a polícia tem vindo com uma política menos calcada no enfrentamento. Por isso, chocam, agora, estas ações da Brigada, quase que na contramão dos projetos que vinham executando. O medo da morte para estes grupos não existe. Isto só serve para eles se armarem ainda mais – analisa o professor.

KAMILA ALMEIDA

A tropa de elite

- Desde que a unidade foi criada, em 1990, também como uma forma de coerção a uma onda de assaltos a bancos que se instalava na época, é solicitada em casos de situações-limite, como negociação de sequestros, assaltos com reféns, desarmamento de bombas, rebeliões em presídios e segurança de autoridades.

- Apesar de preparados e dotados de armas equivalentes ou mais poderosas que as utilizadas pelas quadrilhas, como fuzis, pistolas, espingardas semiautomáticas e submetralhadoras, são raras as vezes que os PMs do Gate entram em combate. Acumulam, sim, dezenas de experiências de iminência de confronto. Um dos últimos foi em fevereiro de 2012, no assalto com refém ao Bradesco do bairro Azenha, na Capital.

- O número de integrantes não é revelado, informaram apenas possuir uma equipe pequena, que integra o Batalhão de Operações Especiais (BOE). Se assemelham aos Seals, membros das forças especiais da marinha dos Estados Unidos, responsáveis pela morte do terrorista Osama bin Laden.


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