Neste Blog rendemos a nossa homenagem aos Gestores e Agentes Policiais que, apesar das dificuldades internas, das leis brandas, do enfraquecimento da autoridade, dos salários baixos, do fracionamento do ciclo policial e das mazelas do Judiciário que discriminam e alijam as forças policiais do Sistema de Justiça Criminal impedindo a continuidade e a eficácia dos esforços contra o crime, dedicam suas vidas na proteção do cidadão, na preservação da ordem pública e na defesa do povo, das Instituições e do Estado, em prol da almejada PAZ SOCIAL no Brasil.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

CERCO NA MATA E BARREIRAS NA SERRA



ZERO HORA 31/12/2012 e 01/01/2013 | N° 17299

TERROR NA SERRA

Cerco na mata para encurralar bandidos mobilizou Cotiporã. PMs montaram barreiras na Serra para prender bando e libertar os reféns

CARLOS GUILHERME FERREIRA

Insistência. Essa foi a tática adotada pela Brigada Militar (BM) para encurralar os cinco bandidos que escaparam com reféns – seis mulheres, dois homens e uma criança – em Cotiporã, na Serra, na madrugada de domingo.

Conforme o capitão Juliano Amaral, do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da Serra, na manhã de domingo foram montadas quatro barreiras fixas nos pontos de ligação do município com outras localidades.

Houve substituição do efetivo entre o final da tarde e o início da noite, já que os bloqueios tinham duração indefinida – dependiam da captura dos criminosos. A polícia acreditava que eles poderiam tentar escapar ainda na noite de domingo.

– Vamos manter as barreiras até saírem daqui. Não tem horário – disse Amaral, antes da libertação dos reféns.

Além das blitze, os policiais apostaram em patrulhas móveis pelo interior de Cotiporã. A maior parte do efetivo – que não teve número oficialmente divulgado, mas estaria em torno de 150 homens – concentrou-se na localidade de Morro do Céu, aposta da BM como paradeiro dos fugitivos. Os reféns foram encontrados na localidade de Santa Lúcia, a cerca de cinco quilômetros de onde foram capturados. Helicópteros e cães farejadores também foram usados nas buscas, coordenadas a partir de um QG montado no prédio de três andares do centro administrativo de Cotiporã.

Conforme Amaral, os policiais dispunham de armamentos do calibre de metralhadoras, fuzis e pistolas. A ideia era estar a postos para um novo confronto, se necessário, e em iguais condições.

Aliás, o armamento pesado e os coletes usados pelos criminosos eram fatores que poderiam prejudicar uma tentativa de fuga – mais ainda porque, ao entrarem na mata, abandonaram o Astra que dirigiam. E a área onde estariam seria de vegetação densa.

– Eles estão sem muita logística – avaliou o capitão.

QG montado no centro da cidade

Toda a movimentação na caça aos fugitivos se refletiu na rotina dos 4 mil habitantes de Cotiporã. De acordo com o secretário da Fazenda, Aníbal Fellini, a presença maciça de autoridades, policiais e profissionais da imprensa impressionou os moradores:

– Estava comentando com a minha família: parece aqueles filmes de guerra, que montam um acampamento e uma estrutura.

Ele e outros voluntários trabalharam no QG do centro administrativo. Em uma sala fechada do térreo, disponibilizaram cerca de 20 colchões no piso de parquê, para o revezamento dos policiais no descanso. Tudo muito rápido: coisa de uma ou duas horas de sono.

Com a alimentação, o procedimento foi parecido. Optou-se por usar a estrutura do CTG Pousada dos Carreteiros, a cerca de 200 metros do QG, para cozinhar. Dali saíram um café da manhã composto por pão, suco e queijo, lanches e um almoço servido com bife, arroz e carreteiro.

No segundo piso do centro administrativo, estava a área central, pela qual passaram autoridades da segurança pública estadual – e que, por vezes, ficou sem o próprio comando de campo da operação, pela necessidade de acompanhar os deslocamentos do efetivo. Alguns policiais não dispuseram da estrutura, por ficarem em postos avançados, como em uma ponte sobre o Rio das Antas. Mesmo assim, o clima era de esperança para o resgate dos reféns.

De acordo com Aníbal, não se ouviam lamentos por uma ação desta magnitude acontecer justamente na virada do ano. Pelo contrário.

– Eles (policiais) diziam que não sairiam enquanto a situação não se resolvesse – contou.


PF alertou Brigada sobre movimentação do bando

Policiais federais investigavam há meses assaltantes de bancos que agem nos três Estados do Sul



A Brigada Militar e sua vasta rede de informantes monitoravam há semanas os passos do bando de Elisandro Falcão. Graças a dicas de delinquentes de menor expressão, o serviço de inteligência da corporação tinha conhecimento de que um grande ataque estava sendo planejado para o último fim de semana do ano. Como os quadrilheiros são radicados na Serra, a lógica é que o ataque fosse na região. Contribuiu também para o trabalho da BM a colaboração da Polícia Federal, que rastreava há meses a quadrilha. A PF também tinha a informação sobre o assalto iminente, mas, por falta de meios, apenas manteve conversações com os PMs.

Conforme ZH adiantou sábado, os federais começaram a investigar três bandos que praticam, nos três Estados do Sul, uma modalidade de crime conhecida como Novo Cangaço: assaltantes que usam armas de grosso calibre e fazem reféns durante os ataques. Em geral, a PF atua apenas em roubos a bancos federais, mas como as mesmas quadrilhas também atacam instituições estaduais ou privadas, na prática a investigação não se limita à jurisdição da corporação.

A BM tratou de buscar reforços em outros pontos do Estado, assim que deduziu que a Serra seria o alvo. Deslocou mais de cem policiais de Passo Fundo, Caxias do Sul e Porto Alegre, para palmilhar as pequenas localidades da região. Assim que as primeiras explosões sacudiram Cotiporã, PMs foram enviados para bloquear uma das estradas. Praticamente “colidiram” com os bandidos numa estrada vicinal. Desta vez, os policiais levaram a melhor.

Tarso elogia a “devida resposta” de BM e Estado

O ataque à fábrica de joias em Cotiporã mobilizou a cúpula da Segurança Pública do Estado durante o domingo. Por ordem do governador Tarso Genro, o titular da pasta, Airton Michels, foi ao município da Serra para acompanhar o trabalho da polícia na captura dos criminosos e no resgate dos reféns – considerada a “prioridade das prioridades” pelo governador.

Às 22h40min, após a libertação, o foco passou a ser a captura dos bandidos. Comandante da Brigada Militar na região da Serra, o capitão Juliano Amaral disse que barreiras seriam montadas por toda a região:

– Eles vão tentar fugir de toda maneira e nós vamos tentar encontrá-los de toda maneira.

Mesmo antes de os reféns serem localizados, o governador e o secretário da Segurança já despejavam elogios à atuação da Brigada Militar na ocorrência. Tarso enfatizou que “os criminosos receberam a devida resposta da BM e do Estado”. A morte de três assaltantes em confronto com policiais militares foi classificada por Michels como “legítima defesa” dos PMs envolvidos no tiroteio:

– Não trabalhamos com a hipótese de matar ninguém, mas, sim, de prender os infratores para que eles cumpram as penas. Nós trabalhamos dentro das orientações do Código Penal, da legítima defesa. Esse pessoal estava fortemente armado e foi para o confronto. Não tinha outra providência que não esta – defendeu o secretário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário