
Software desenvolvido para o FBI será usado por 16 Estados e cruzará informações genéticas de desaparecidos e familiares - FRANCISCO AMORIM, ZERO HORA 09/02/2012
Depois de elucidar recentemente três estupros ocorridos entre 2007 e 2008 em Lajeado, no Vale do Taquari, um software desenvolvido para o FBI de cruzamento de informações genéticas será usado agora no Rio Grande do Sul e em outros 15 Estados para identificar também corpos encontrados sem documentos. O banco de dados cruzará dados genéticos de ossadas e cadáveres encontrados sem identificação com o DNA de pessoas que buscam o paradeiro de familiares desaparecidos.
Administrado pelo setor de genética forense do Laboratório de Perícias, o Banco de DNA de Desaparecidos modificará o jeito de identificar corpos no Estado. Até hoje, o resultado de exames de DNA de cadáveres sem identificação era comparado apenas com o código genético de pessoas que se apresentavam como familiares. O método esbarrava em questões geográficas e temporais. Se uma ossada era encontrada distante de casa e muito tempo depois de o sumiço da pessoa ter sido registrado, por exemplo, encontrar familiares para exames de comparação era uma missão bem mais complicada.
– Com o software, será possível cruzar informações de amostras de diferentes casos. Ou seja, uma pessoa aqui no Estado poderá descobrir que o corpo de um familiar foi encontrado até em outro Estado – explica Cecília Helena Fricke Matte, chefe do setor de genética forense do Instituto-geral de Perícias (IGP).
O programa de computador também pode ser usado na identificação de vítimas de tragédias com muitos mortos. Recentemente, o software foi usado na identificação de restos mortais de passageiros do voo 447 da Air France que caiu no Atlântico em 2009 quando seguia do Brasil para a França.
Medida impedirá que família se sinta inibida a doar material
Conforme Cecília, além de casos já examinados que permanecem sem identificação do morto, serão inseridos no banco de dados mais 101 amostras a serem analisadas a partir deste mês.
– São amostras em que o DNA não foi extraído, pois não há material de referência, ou seja, de familiares para comparação. Agora, os dados serão inseridos e cruzados com dados de todas as pessoas que estão em busca de parentes – explica Cecília.
O banco funcionará de forma independente ao banco de DNA criminal. Assim, as autoridades brasileiras querem evitar que um familiar se sinta inibido a fornecer material genético para análise.
Como funciona
BANCO DE DNA DE DESAPARECIDOS - Para identificar um corpo ou ossada, um software desenvolvido para o FBI cruzará informações genéticas de desaparecidos e familiares. A rede integrará informações de desaparecidos do Rio Grande do Sul e outros 15 Estados, além dos dados armazenados pela Polícia Federal.
NOS ESTADOS UNIDOS - O banco de dados genético do FBI, a polícia federal americana, começou como um projeto-piloto em 1990, em 14 laboratórios estaduais. Em 1994, foi criado o Sistema Nacional de DNA nos Estados Unidos. Já são mais de 170 laboratórios interligados à rede no país. O banco de dados conta com mais de 8,9 milhões de perfis de criminosos, segundo dados de 2010. Em setembro de 2010, o banco produziu informações para 123,9 mil inquéritos. Fora dos Estados Unidos, 25 países já utilizam o software Codis. Entre eles, o Brasil. Fonte: Federal Bureau of Investigation (FBI).
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